DIAS 15, 16 E 17, EM OP E MARIANA
O estudo do luso-brasileiro António José da Silva, conhecido também como “O Judeu”, é de suma importância para o teatro. É considerado o dramaturgo mais importante da primeira metade do século XVIII, que nasceu no Rio de Janeiro a 8 de maio de 1705. A família, de origem portuguesa, foi obrigada a mudar-se novamente para Portugal devido a perseguição do Santo Ofício quando António José tinha apenas 8 anos.
Ele escreveu libretos de oito Óperas:
Vida do Grande D. Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança; Esopaida ou Vida de Esopo; Os Encantos de Medéia; Anfitrião ou Júpiter e Alcmena; O Labirinto de Creta; As Guerras de Alecrim e Manjerona; Variedades de Proteu e Precipício de Faetonte.
A primeira Ópera apresentada no Bairro Alto de Lisboa, Vida de D. Quixote de la Mancha, em 1733, mostra um autor que utilizava-se das marionetas, caindo nas graças da sociedade lisboeta da época. António José satirizou à realeza, criticou o sistema, devolvendo a Lisboa o teatro popular que há muito não se via.
O autor morreu pela Inquisição em praça pública a 19 de outubro de 1739. Continuar as investigações sobre a vida desse importante dramaturgo luso-brasileiro deve ser tarefa constante para muito o que há para se descobrir.
15 de Agosto
14h30 – Abertura
15h – Conferência: O aspeto lírico no teatro de Antônio José da Silva e a música do “Grande Governador da Ilha dos Lagartos” – Dr. David Cranmer (CESEM – Universidade Nova de Lisboa)
Mediadora: Ms. Andréa Luísa Teixeira (EMAC-UFG/CESEM – Universidade Nova de Lisboa)
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS-UFOP)
Embora designadas na época por “óperas portuguesas”, as obras teatrais de António José da Silva (“o Judeu”) não têm música contínua, como nas óperas italianas ou francesas coevas, mas uma alternância entre prosa (diálogo falado) e poesia (música ou poemas em formas fixas – o elemento lírico). É a esta luz que se deve entender a música inserida no entremez do “Grande Governador da Ilha dos Lagartos”, duas cenas extraídas, ainda no século XVIII, da sua primeira ópera “Vida do Grande Dom Quixote de la Mancha e do Gordo Sancho Pança” (1733).
20h30 Ópera: Entremez: O Grande Governador da Ilha dos Lagartos – Academia Orquestra Ouro Preto
Solistas: Alberto Pacheco, Carla Rizzi, Carlos Eduardo Vieira, Fabrício Claussen
Direção: Julliano Mendes (Grupo Residência: Teatro e Audiovisual)
Regência: Maestro Rodrigo Toffolo
Local: Theatro Municipal – Casa da Ópera – Ouro Preto
16 de Agosto
Palestras
10h – Mischmasch musique ou a incompreensível mixórdia: o que era considerado “italiano” na música operística, na época da composição de As Variedades de Proteu – Dr. Diósnio Machado Neto (FFCLRP-USP)
Mediador. Dr. David Cranmer
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS-UFOP)
15h – Homenagem ao Dr. Francisco Maciel Silveira in memorian (DLCV – FFCH-USP) – O retrato de António José através de sua escrita – Texto escrito pelo Dr. Francisco Maciel Silveira para o I Colóquio Internacional António José da Silva
Mediadora: Dra. Flávia Maria Corradin (DLCV – FFCH-USP)
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS/UFOP)
À entrada do Teatro Cômico Português (1744), estão três textos: “Dedicatória à Mui Nobre Senhora Pecúnia Argentina”, “Ao Leitor Desapaixonado” e “Advertência do Colector”. A “Dedicatória à Mui Nobre Senhora Pecúnia Argentina” é de autoria do Judeu; não há dúvida que a “Advertência do Colector” foi escrita por Francisco Luís Ameno. Já a análise de “Ao Leitor Desapaixonado” suscita algumas perplexidades que nos levam a duvidar se possa atribuí-lo integralmente, como sói acontecer, à autoria de Francisco Luís Ameno. Uma leitura atenta dos quatro parágrafos e duas décimas que compõem “Ao Leitor Desapaixonado”, revela-nos, em três parágrafos, um discurso fechado em si, com começo, meio e fim, a que se apõe um adendo posterior – mais um parágrafo e duas décimas – cujo tom e conteúdo contradizem o que fora anteriormente exposto. Tal constatação leva-nos a desconfiar que estamos não só diante de dois textos distintos, mas diante também de dois eus diametralmente opostos: um primeiro eu que enuncia com douta altivez e certa arrogância os três parágrafos iniciais e um segundo eu , servil e rastejante, responsável pelo parágrafo final e pelas décimas. Analisando o texto de “Ao Leitor Desapaixonado”, esta comunicação pretende provar que o referido texto foi escrito por duas pessoas distintas: outro que não Francisco Luís Ameno é o autor dos três parágrafos iniciais, cabendo ao editor o parágrafo final e as décimas. Finda a análise de “Ao Leitor Desapaixonado”, há de ficar-nos a certeza de que não o escreveu António José da Silva. Fica difícil crer que o autor das peças enfeixadas em Teatro Cômico Português não tivesse a menor e mínima consciência de seu próprio trabalho, como o denuncia, por exemplo, o parágrafo dedicado à distinção do estilo e da matéria cômicos e trágicos sob as luzes do ensinamento horaciano.
20h30 – Ópera: Entremez: O Grande Governador da Ilha dos Lagartos – Academia Orquestra Ouro Preto
Solistas: Alberto Pacheco, Carla Rizzi, Carlos Eduardo Vieira, Fabrício Claussen
Direção: Julliano Mendes (Grupo Residência: Teatro e Audiovisual)
Regência: Maestro Rodrigo Toffolo
Local: Theatro Municipal – Casa da Ópera – Ouro Preto
17 de Agosto
Palestras
10h – Carne, papel, espuma ou madeira: representações contemporâneas para o teatro de Antônio José da Silva – Dr. Carlos Gontijo Rosa (PUC-SP)
Mediadora: Dra. Flávia Maria Corradin (DLCV – FFCH-USP)
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS/UFOP)
Antônio José da Silva foi um dramaturgo que escreveu para o público do seu tempo. Sem pretensões de entrar para a história, como Camões e seus Os lusíadas, suas peças teatrais alegravam e encantavam a um espectador culturalmente diverso. Escrevendo de acordo com as preceptivas da época – seja a novidade italiana da ópera, seja o já conhecido e apreciado teatro dos corrales espanhóis –, mas modificando-as de acordo com a necessidade da escrita, o teatro de Antônio José continuou a ser representado após sua morte. Por ocasião das comemorações dos 300 anos do nascimento do autor, muitas montagens foram realizadas em Portugal, dentre as quais selecionamos algumas que contemplam variados recursos evocados para sua mise en scène. Através da representação por atores, bonecos de madeira, espuma ou papel, com manipuladores nas sombras ou à mostra, o jogo proporcionado pelas óperas joco-sérias de Antônio José da Silva continua vivo e operante cenicamente ainda três séculos após sua escrita.
11h – Moldar o Tempo: a adaptação de uma obra clássica para uma linguagem contemporânea – Ms. Julliano Mendes (POSLING-UFOP/Grupo Residência)
Mediador: Dr. Artur Costrino (ICHS/UFOP)
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS/UFOP)
15h – Conferência: A Mitologia em António José da Silva – Dra. Flávia Corradin (DLCV – FFCH-USP)
Mediador: Dr. Carlos Gontijo Rosa (PUC-SP)
Local: Auditório Francisco Iglesias – Mariana (ICHS/UFOP)
Como é de conhecimento daqueles que se debruçam sobre a obra de Antônio José da Silva, sua carreira dramática legou-nos oito peças, encenadas no teatro do Bairro Alto, em Lisboa, entre 1733 e 1738. Enfeixadas em dois volumes do Teatro cômico português, editados em 1744, por Francisco Luís Ameno, estando já o comediógrafo morto, contam-se os seguintes títulos: Vida do grande e do gordo Sancho Pança (1733); Esopaida ou a vida de Esopo (1734); Os encantos de Medeia (1735); Anfitrião ou Júpiter e Alcmena (1736); Labirinto de Creta (1736); Guerras do Alecrim e Mangerona (1737); Precipício de Faetonte (1737); As variedades de Proteu (1738). O exame dos títulos das óperas escritas por Antônio José da Silva revela que, exceção feita a Guerras do Alecrim e Mangerona, cujo tema foi baseado na realidade setecentista portuguesa, todos os outros títulos remetem a fontes mitológicas ou literárias. Impôs-se, assim, o estudo da comediografia de Antônio José da Silva sob a óptica da intertextualidade, uma vez que suas “óperas” dialogam com paradigmas literários ou mitológicos. A intertextualidade parece-nos, portanto, caminho promissor para a análise da obra de Antônio José. Resolvemos trilhá-lo, limitando, contudo, o campo de nossa incursão. Esta conversa girará em torno do exame das óperas que travam diálogo com textos nomeadamente literários: Vida do grande e do gordo Sancho Pança e Anfitrião ou Júpiter e Alcmena.
16h30 – Encerramento
20h30 – Ópera: Entremez: O Grande Governador da Ilha dos Lagartos – Academia Orquestra Ouro Preto
Solistas: Alberto Pacheco, Carla Rizzi, Carlos Eduardo Vieira, Fabrício Claussen
Direção: Julliano Mendes (Grupo Residência: Teatro e Audiovisual)
Regência: Maestro Rodrigo Toffolo
Local: Theatro Municipal – Casa da Ópera – Ouro Preto